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Carta 9 “O Eremita”
Palavras chave: “solidão”, “isolamento”, “sensação de viver num mundo estranho sem ninguém que nos entenda”, “perda de afinidade com as pessoas”.
Essa carta, ou melhor, esse momento é temido por grande parte da humanidade. Uma das maiores reclamações que se escuta por aí é de solidão.
Mas se a vida em certo momento faz você crescer com outras pessoas, trazendo complementos que te fazem renascer e florescer, juntos, ela também se utiliza do método contrário, também necessário, na verdade imprescindível, que traz coisas que só ele pode trazer: o isolamento.
Podemos ainda estar num relacionamento e mesmo assim não sentirmos mais que a quela pessoa nos faz companhia. Sei lá, não encaixa mais, não te completa. Parece apenas um estranho que temos intimidade. Ao invés de sentir-se mais que um com ele, você agora sente-se menos do que um. Para estar nesse relacionamento alguma parte essencial sua teve que ser embutida, afastada, negada. Você está sem brilho. Seus amigos não estão disponíveis de repente, parecem ocupados, a sintonia sumiu. Seus parentes estão também em outra frequência, quase em outro mundo. Você está só… Parece uma cidade fantasma dentro de você.
O eremita vai para a caverna. Ele precisa se encontrar agora sozinho. Não há ninguém que o complemente no momento. A lição é outra. É preciso o “eu comigo mesmo”, me achar e me complementar a mim mesmo. Os outros nesse momento só atrapalhariam e confundiriam tudo. É preciso rir da nossa piada que só nós entendemos. Ver um filme sozinho e se lamentar sozinho. Comer sozinho e pensar e pensar. São tantos “eus” internos. O mundo externo está chato e sem graça. Só resta você com você. E agora?
Quanto mais avançada uma alma, mais capacidade de ficar sozinha ela tem. Você e seu universo. Você está ou estará eremita mesmo entre milhões.
Não fuja desse momento agarrando o primeiro que passa na sua vida. Ouça sua vida interna. A solidão será uma companhia eterna em nossa existência. Aprenda a gostar dela, a saber o que fazer com ela, a aprender o máximo com ela. Você é uma boa companhia?
Você vai ter que se olhar agora, não tem como fugir. Você nesse momento só tem sua própria luz para te guiar e te fazer companhia. Os problemas internos, as alegria internas. Silêncio. Volte-se para dentro, medite, ouça seus pensamentos como se não fossem seus. Se reinvente, se perca dentro de você e traga outros “eus”. Desligue-se do mundo externo e veja o mundo interno como é rico. É por meio do mundo interno que você percebe o mundo externo. Não adianta mudar só fora. Essa é a hora de mudar dentro.
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