Spoiler – Se você não viu esse filme não leia, mas para aguçar sua curiosidade, esse artigo trata-se de uma explicação possível e fantástica para o fenômeno da sincronicidade em nossas vidas.

Interstellar é um filme maravilhoso do grande diretor Christopher Nolan, que é alguém que devemos sempre prestar atenção, pois é um artista original que sempre se debruça sobre as questões mais fundamentais do universo e de nossas mentes, como sonhos, leis da física, memória, tempo e etc, com muita criatividade, engenhosidade e beleza.

Poderia destacar vários aspectos desse filme como o fato de ele ter colocado o amor como a principal lei do universo, uma força gravitacional muito mais forte que as outras, que atrai as pessoas de volta para nós quando as perdemos. Não há espaço ou tempo que tenha poder contra o amor. Pode parecer piegas, mas o jeito que ele desenvolve isso é fascinante. Pensar uma coisa é diferente de vermos desenvolvida na nossa frente e esse é o poder do cinema. Ele consegue transmitir a vastidão do tempo e do espaço, mas sua pequenez frente à uma força maior.

No filme, essa força é representada por uma filha que perde o pai, o pai que perde a filha… Essa dor que todos conhecemos e a dúvida sem fim sobre o fato de universo ser indiferente a isso ou não.

Apesar do descrito acima ser a ideia central desse filme, a parte que quero destacar é outra…

Na história, a Terra está prestes a se tornar um lugar inabitável. Se não buscar as estrelas, o ser humano será extinto. Não é explicado como o planeta chegou a esse estado desolador – parece só existir poeira por todo lado. Mas nem é preciso… O que interessa saber é que uma atitude deve ser tomada imediatamente. O protagonista do filme sente que está sendo ajudado por uma inteligência desconhecida… Vários fatos impossíveis de serem só coincidência, vão criando um caminho definido e preciso sobre o que fazer.  Por todo filme ele fala sobre “eles”, referindo-se a essa inteligência que parece estar auxiliando, sem saber o que ou quem são.  “Eles”, poderia ser uma outra civilização, alienígena, que por meio de alguma tecnologia desconhecida, está atuando para ajudar.

A resposta de quem são “eles” vem próximo ao fim do filme quando o protagonista – viajando no espaço sideral em sua nave – “cai” numa região do espaço onde está um tesseract, um hipercubo. Um hipercubo está para um cubo como um cubo está para um mero quadrado 2D, ou seja, possui mais dimensões no espaço. O problema é que não temos a capacidade de visualizar um hipercubo. A possibilidade de haverem mais dimensões fica só em conceito para nós, mas o fato é que cientistas acreditam que o espaço deve ter mais do que as dimensões que conhecemos: largura, comprimento, profundidade e tempo (como uma quarta dimensão). E o que isso interessa para nós?

Se estamos inseridos num tesseract, essas outras dimensões podem revelar que tempo e espaço não são um contínuo, mas embaralhamentos simultâneos. Imagine que sua casa é um hipercubo: em uma de suas janelas você poderia ter Paris à sua frente… em outra, o Rio de Janeiro… em outra Los Angeles. E pior, numa delas você poderia estar vendo Nova Iorque em 1930, em outra a chegada de Cristóvão Colombo na Améria, em outra a crucificação de Jesus. Ou você poderia ver você mesmo nascendo em uma e em outra, morrendo.

Ou seja, tempo e espaço são conectáveis de qualquer maneira possível e não existências absolutas e lineares.

Nosso protagonista descobre que “eles” era ele mesmo. Foi ele do futuro que plantou pistas, que tentou direcionar e propor um caminho. Muitos paradoxos se formam com esse entendimento sobre o tempo e não podemos resolvê-los com nossa atual compreensão do universo. Mas nossa cabeça já se expande – aqui e agora -ao prever tal abertura de possibilidades.

O fato de que talvez o tempo não seja linear gera o fato de que existimos simultaneamente em todas as fases de nossa vida. Nada passa! Não só isso… Os deuses que cultuamos, os deuses para os quais rezamos, somos nós mesmos. Somos alfa e ômega, o começo e o fim…

O volume completo da história do universo é “pulável”, é “reconectável”, é simultâneo!

O seu “eu” iluminado já existe, já atua, já te ajuda…

As pequenas e grandes sincronicidades na sua vida podem ter sido plantadas por você mesmo, numa grande brincadeira de esconde-esconde ou detetive, mas com propósito. No final das contas, como diz os Vedas e a Advaita Vedanta, não existe um segundo indíviduo ou coisa, mas só  Um. “Advaita” siginifica “without a second“.  Quanto mais evoluimos, mais perdemos a sensação de separação das coisas e passamos a enxergar uma unidade. Portanto, tanto faz dizer que foi você, um anjo, um antepassado ou Deus.