Michael Shermer – “Meu ceticismo foi abalado”

Quando a lógica sucumbe a estranhas evidências

Michael Shermer é um desses caras super inteligentes que representa a elite do pensamento científico no mundo, aquilo que há de mais aguçado em termos de raciocínio lógico. Em debates acalorados com gente mística e religiosa, costuma destruí-los com facilidade por meio de argumentos eficazes e desconcertantes, demonstrando a falácia infantil de seus discursos e crenças, deixando-os nus, sem resposta, cheios de raiva por não terem saída para defender o que supostamente acreditam e ensinam às indefesas pessoas de cabeça menos preparada.

Shermer é descrito assim em sua bio oficial: “Desmascara mitos, superstições e lendas urbanas – e explica porque as pessoas acreditam nelas. Além de ser o fundador editor da mais importante revista de ceticismo do mundo, a Skeptic Magazine, ele é o autor do livro “Porque as Pessoas Acreditam em Coisas Esquisitas” onde explica porque as pessoas vêm a Virgem Maria num sanduíche de queijo, ou ouvem falas satânicas na letra de “Stairway to Heaven”, demonstra elaboradamente como nos convencemos a acreditar – e negligenciar os fatos inconvenientes, porque a intenção não é a verdade, mas pelo contrário, é convencer a si mesmo daquilo que se quer acreditar, aquilo que parece mais bonito e reconfortante.

Dessa forma, o heroico Shermer passou a vida toda a batalhar por um mundo mais são, limpando as crendices da mente de quantos pudesse, levantando a bandeira do raciocínio lógico que explica a vida como ela realmente é e não como quer ou como convém a certas pessoas. Mostrou a bobagem de todas as histórias sobre fantasmas, abduções, design inteligente, conspirações, demônios e etc.

Até que no dia 16 de setembro de 2014, o grande líder dos céticos no mundo escreveu um artigo para a revista Scientific American que abalou toda sua comunidade e envergonhou seus devotos seguidores. O que tinha nesse artigo?

Para começar, o título do artigo já causou frisson:

“Eventos Anômalos que Podem fazer Tremer o Nosso Ceticismo até a Raiz”, e como subtítulo: “Acabo de testemunhar um evento tão misterioso que abalou meu ceticismo”.

Vou tentar resumir o que aconteceu com Shermer, que ele emocionadamente descreve na revista.

Shermer estava prestes a se casar com Jennifer Graf, uma alemã que havia sido criada pela mãe e pelo avô Walter, que havia falecido quando ela tinha 16 anos. Antes do casamento, Jennifer enviou seus pertences para a casa de Shermer onde iriam morar. Quase todas as caixas enviadas com seus pertences foram severamente danificadas, e ela perdeu quase tudo. Uma das coisas salvas foi o rádio antigo de seu avô falecido, um Philips de 1978. Curioso com o rádio, Shermer fez de tudo para recuperá-lo, pois já estava sem funcionar há décadas, literalmente. Comprou pilhas novas, abriu para soldar fios soltos e fez até uma manutenção percussiva, batendo-o contra a mesa. Fez de tudo mais não houve jeito: silêncio. Não funcionou. Guardaram o rádio dentro de uma gaveta no escritório.

Três meses depois, o dia do casamento chegou, 25 de junho de 2014. Eles iriam fazer os votos na casa deles mesmo. Jennifer estava sentindo-se triste pela ausência de toda sua família e amigos que não vieram da Alemanha. Só a família de Shermer assistiria a cerimônia.

Pronta para entrar e caminhar até o altar, montado no quintal da casa, onde Shermer e os convidados a esperavam para a troca de alianças, Jennifer sentiu mais do que nunca a falta do avô que era a única figura paterna que conhecera na vida. Desejou desesperadamente que ele estivesse ali para conduzi-la, como certamente o faria se estivesse vivo. Assim que começou a caminhar rumo ao altar todos começaram a ouvir uma música romântica tocando ao fundo.

Shermer e Jennifer foram investigar da onde estava vindo aquela música. Ligaram e desligaram aparelhos da casa, checaram os iPhones de todos, olharam nos vizinhos e até ridiculamente investigaram se a impressora ao lado do computador desligado tinha sistema de som embutido. Não acharam nada.

De repente Jennifer olhou Shermer com uma expressão que ele nunca mais tinha visto no rosto de alguém desde a época que vira as pessoas assistindo o filme “O Exorcista”. Jennifer perguntou tremendo:

-Não pode ser o que eu estou pensando que é, pode?

Jennifer foi ao escritório e abriu a gaveta onde o rádio do avô estava. Era ele a fonte do som, ainda emitindo em alto volume uma música romântica.

Os dois sentaram mudos e ficaram em silêncio por um bom tempo até que Jennifer disse emocionada: “Meu avô está aqui comigo, eu não estou sozinha”.

Todos testemunharam que a música só começou quando Jennifer se pôs a caminhar rumo ao altar.

Esta seria só mais uma história que a ciência não consegue explicar, entre tantas. Mas o incrível e marcante é que aconteceu com um dos caras mais importantes do ceticismo no mundo. Depois de desarmar por décadas a história dos outros (missão que na maioria dos casos, é sim, louvável, pois existe muito embuste e ignorância por aí) Shermer levou uma chacoalhada da vida, um choque atordoante. E contar é uma coisa, perde um pouco a força, mas estar lá, quando acontece algo assim com você, é uma sensação impossível de transmitir a quem escuta. Quem já viveu algo sobrenatural sabe como é um evento solitário que ninguém de fora vai conseguir acreditar com muita certeza, por mais que nos esmeremos em contar com detalhes, emoção e a verdade de nossa alma.

“Meu ceticismo foi abalado até a raiz”. Esse é um acontecimento importante para o mundo. Sutil, mais importante. Um homem desses admitir que passou por algo que não consegue explicar é um marco.

Lógico que já têm milhares por aí dizendo: ah, foi só uma coincidência boba o rádio ter ficado sem funcionar por décadas, e estar há três meses em silêncio na gaveta do escritório e ligar bem na hora de Jennifer caminhar rumo ao altar. Nada demais, não é? Magina…

E a coisa é incrivelmente crível por se tratar de Michael Shermer, que ganha a vida como cético profissional e tem todos os motivos do mundo para ocultar tal história, pois é uma vergonha para seus colegas e seguidores, e uma macha indelével em sua reputação.

Palmas para a honestidade dele, que ao ver algo estranho se manifestar em sua vida, não teve medo de se expor e questionar suas certezas.

“Será que Shermer está caducando?”, tem se perguntado os cientistas nos fóruns de bate-papo de céticos na internet pelo mundo Não queridos, é que a ciência de vocês ainda não abarca a totalidade de fatos que acontecem nesse mundo, apesar de vocês acharem que sim. Shermer levou um choque de realidade. Vocês ainda não…

“Acabo de testemunhar um evento tão misterioso que abalou meu ceticismo”.

Michael e Jennifer

Johnny Depp, fã dos livros de Michael

Assista Michael no TED falando da loucura das pessoas simples… E agora Michael, como fica?