Seres que existem em extensão apenas, nunca pontuais. Sua completa estrutura só pode ser apercebida no tempo, em sucessão de vibrações sonoras. Você não poderia enxergar com os olhos ou tirar uma foto dessas criaturas, mas na repetição de seu corpo sonoramente físico pode sentir a presença, apreender sua existência. O corpo é uma melodia, a melodia é o corpo… A audição como “visualização” de um ser vivo pode ser nova a vocês, mas é definitivamente uma realidade.
Audilizar é o termo correto, correlacionado a visualizar quando se fala em enxergar uma criatura visual. Audilizar uma criatura sonora é estar diante dela. O termo “diante” também não é correto o suficiente, pois uma criatura dessas não se confina a estar na frente, atrás ou do lado em relação de quem as audiliza, mas sim simultaneamente em todos os 360 graus do abstrato e sutil espaço sonoro. A única “direção” dessas criaturas é a flecha contínua do tempo.
Essas melodias são sentientes, mas existem apenas quando executadas por algum instrumento de emissão de som. Ler a partitura que compreende suas estruturas é como executar seu DNA.
Aqui e no livro, como não poderia deixar de ser, exporemos aberrações sonoras, monstros em forma de melodia, que procuravam doutor Arbo usando seus neurônios para soar e existir. Muito mais importante do que as fotos de pacientes fisicamente corpóreos, quando você os escuta aqui estará com eles de fato e não só com uma representação pictórica.