Uma volta ao Mundo em 24 Horas de Pães
Uma matéria desenvolvida a partir de uma etmologia.
Poucas pessoas sabem o significado da palavra “companhia”. Ela é formada pela união de duas palavras do latim: “cum” e “panis”, ou seja, literalmente significa “com pão“. “Companhia” é estar com alguém para comer pão, repartir o pão com alguém.
Hoje vamos comer um pãozinho na companhia do mundo todo. Vamos celebrar esse elo em comum entre toda a humanidade, essa paixão mundial. Vamos usar o pão para brindar. Você me faz companhia?
Somos todos Iguais, Somos todos Diferentes
Se essa matéria procura salientar como é importante enxergar e celebrar como somos iguais nesse hábito pré-histórico de amar nosso pão de cada dia, ela também procura evidenciar que somos todos diferentes. Em cada mínimo lugar do mundo, sua gente tem seu jeito particular de fazer o pão. Respeitar todas a nuances, o jeito de cada um, é entender a riqueza do diferente e como isso nos afeta positivamente. Por isso gostamos de viajar, para encontrar diferenças. Mas vamos constantemente nos chocar com o fato de que mesmo no mais alto extremo de distanciamento com algum ser desse planeta, ainda sim, somos também iguais.
Como só farinha e água puderam tornar-se milhares de variedades? Como só células, ossos e carne puderam tornar-se bilhões de variedades?
Do primeiro país a receber o sol e um novo dia, até o último!
Vamos acompanhar o Sol. Desde o primeiro lugar do mundo a recebê-lo até o último. Onde é o primeiro lugar do mundo a receber um novo dia, o primeiro nascer do Sol? E qual o último? Durante as 24 horas de um dia, sempre tem alguém acordando para tomar seu café da manhã, sempre tem pão assando no mundo, sempre tem alguém que acordou antes do nascer do Sol para que outros comessem um pão quentinho… A rotação terrestre é um movimento que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo, ou seja, é o movimento giratório do nosso planeta, como se fosse um pião girando em pé! Esse movimento é muito importante para nós, pois ele é responsável pela existência dos dias e das noites. Só que hoje você verá 24 vezes o Sol nascendo, pois estaremos sempre acompanhando e alcançando a Terra no exato ponto da rotação onde trevas se tornam luz. Vamos ver o mesmo astro rei sobre toda a humanidade, acordando cada povo para comer seu pão…
A unidade é a variedade, e a variedade na unidade é a lei suprema do universo.
Isaac Newton
Compulsão Infinita para Criar
O pão obviamente não é encontrado pronto na natureza. Ele é símbolo da necessidade e capacidade do ser humano de transformar as coisas, de não só comer para sobreviver e só pegar o que está à mão, mas comer com nuances, com criatividade, em busca de novos sabores e experiências. Mesmo após anos e anos vivendo nesse planeta, sentir um sabor que nunca antes havíamos sentido é sempre um momento mágico. É para isso que vivemos… para chegar no inusitado, no outro.
Se alienígenas avançadíssinos pousassem na Terra hoje e perguntassem “e aí humanos, o que vocês fizeram de bom esses milênios todos?”, eu colocaria uma toalha na mesa e responderia: “senta aqui querido que vou te fazer “companhia”, come essa coisa quentinha que saiu do forno agora…” e ficaria dias e mais dias servindo a incalculável variedade de pães, explicando a ele que estes nasceram de nosso convívio, de nossos choques… “Mas vocês se odeiam” replicaria o arrogante alienígena antes de provar o pão, e eu diria, “quem se odeia não cria e compartilha tanta coisa junto, não fica se aglomerando tão obstinadamente como nós…” Já com a boca cheia de pão ele se calaria e a análise técnica sobre nosso planeta viraria sabor, sensação, riqueza e um querer mais…
Um pão de queijo já seria o suficiente para justificar o mundo e absolver os homens (adulterando a famosa expressão de Nietzsche “a arte justifica o mundo e absolve os homens”).
Essa matéria toda nasce e se expande em uma devoção à essa etmologia da palavra “companhia “. Hora a hora, a cada novo Sol que nasce em um novo fuso horário do mundo, vamos constatar o quanto amamos que existe o diferente, o outro, o quanto nos fascina. Apesar de parecer que há mais intolerância do que apreço pela alteridade, essa matéria ajuda a ver que nos amamos loucamente. O ímpeto para viajar, de amar a casa e também de sair dela…de encontrar casa no estranho, no longe de nós.
Se todos fossemos iguais não teríamos companhia. Até discutir nós queremos, precisamos de alguém para roçar nossas ideias. A cada metro andado nesse mundo existe um novo jeito de fazer pão. Pode ser um mero “sotaque” em relação ao anterior, mas já tem o milagre do diferente.
O fato de as coisas se desviarem cada vez mais do original tornando-se outra é motivo de celebração. Amamos também manter o original intacto porque não queremos perder uma migalha daquilo que em si é único.
A riqueza cultural desse planeta é indescritível… Amamos, portanto, tradição e inovação.
E ninguém gosta de comer sozinho… Os grandes chefs do mundo ou as pessoas que cozinham em casa querem o outro. Gostamos de fazer um pão para compartilhar, para ter companhia… Estamos na companhia de 7 bilhões de pessoas nessa casa-planeta, e podemos embasbacados testemunhar o que cada canto desse mundo trouxe de novo pela mescla, influência, variação e choques voluntários e involuntários…
Essa matéria te fará companhia por alguns instantes… Fará ver que o ser humano não mede esforços para ter seu pão… Não importa o quão difícil seja o lugar onde está, sua criatividade e engenhosidade vence… e que mesmo que pareçamos rabugentos e egoístas, não medimos esforços para estarmos juntos, para curtir o que o outro foi capaz de inventar… queremos experimentar seu pão, o jeito que você faz, queremos sua companhia, queremos diferença, compartilhar.
Jamais vamos conseguir ser opostos entre nós porque coisas demais nos unem… o que alguém criou há 20 mil anos ainda pode fazer parte da minha vida hoje… Não existe uma cultura pura, não existe uma era isolada… existe o constante misturar, influenciar e ser influenciado, nutrir e ser nutrido… Somos todos iguais, somos todos diferentes… Eis uma riqueza deliciosamente paradoxal. No sabor de um simples pãozinho moram miríades de histórias do nosso planeta… lutas, atritos, compaixão, lágrimas de dor e alegria, sonhos e aspirações e uma vitória secreta de algo que não existia antes e agora preenche o nosso momento, um sabor.
Vamos partir…
Hora a hora, a cada novo sol que nasce em um novo fuso horário do mundo, vamos constatar o quanto amamos que existe o diferente, o outro… o quanto nos fascina. Mas junto, a cada pão, uma sensação de casa, um estranho pertencimento mesmo que em terras distantes…
Kiribati
O Primeiro País do Mundo a Receber um Novo Dia
São 6:10 horas da manhã e o Sol está nascendo em Kiribati. Em Brasília são 15:10 horas do dia anterior. Como mostra a linda bandeira, Kiribati se orgulha de ser o primeiro país do mundo a começar um novo dia. Estão à frente de todo mundo no mapa. Vamos comer nosso pão em um típico bangalô na praia, na capital Tarawa. Sendo composto por 33 pequenos atóis, o país possui poucos recursos naturais. Não existem plantações de trigo e, portanto, a farinha é importada. Mas o pão nunca falta… Em todos os hotéis e casas o dia não começa sem ele. Com uma alimentação baseada na pesca e em frutas locais, a farinha é praticamento o único produto alimentar que os quiribatianos fazem questão de importar, sendo o Brasil um dos países que exportam o produto para lá. Com 120 mil habitantes, o país é considerado o mais suscetível à mudanças climáticas e corre o risco de desaparecer devido ao aumento no nível dos oceanos. Cada novo dia, cada novo nascer do Sol, é uma vitória por aqui… Somos os primeiros a comer o pão no planeta!
Nova Zelândia
Pão Maori – Símbolo da Mistura de Culturas
São 6:28 horas da manhã e o Sol está nascendo na Nova Zelândia. Em Brasília são 16:28 horas do dia anterior e em Kiribati 7:28. Aqui encontaremos vários pães típicos e únicos do país. Vamos experimentar – nesse segundo nascer do sol para nós – o mais famoso deles, o Takakau -Maori Rewena Paraoa, que tem origem na tribo Maori, que compõe 17 % da população total do país. O diferencial desse pão é uso do amido contido na batata como um fermento natural, processo descoberto pela tribo. Adicionado à farinha e à água, resulta em um sabor sem igual. Com o restante da população sendo de origem européia, esse é um lindo exemplo de uma cultura que foi abraçada pela outra, pois é de longe o mais consumido no país. Para os neozelandeses, nenhum pão é tão bom quanto o Takakau.
Taiwan
País Vencedor da Copa do Mundo do Pão 2022
São 5:55 horas da manhã e o Sol está nascendo em Taipei, capital de Taiwan. Em Brasília são 16:55 horas do dia anterior. O pão, ou os pães escolhidos para provarmos aqui, é da equipe que venceu a Coupe du Monde de la Boulangerie realizada em Paris em março de 2022. Quando pensamos em pão, Taiwan não é um país que nos vem à cabeça, e de fato, até 1960 o país não tinha o costume de consumir pães, o que dirá estar entre os melhores do mundo em qualidade de produção. Tudo mudou quando o congresso dos Estados Unidos aprovou uma ajuda financeira ao país há sessenta anos. Em meio a esse processo de ajuda, dois chefs locais, Xu Huaqiang and Xu Guilin, foram enviados para o American Institute of Baking em Manhattan, onde aprenderam a arte com os padeiros americanos. De volta ao país, fundaram uma escola em Taipei que hoje é considerada a Harward dos pães por aqui. Mudou a cara do país… As padarias estão espalhadas por toda parte e até os bolos, antes inexistentes, passaram a fazer parte dos aniversários dos taiwaneses. O interessante é que não é uma cópia do que existe no ocidente. Os padeiros locais começaram a usar o que tinham de mais típico, como a quinoa vermelha, por exemplo, para criar seus próprios pães e doces. Aí está mais uma vez a riqueza do encontro de culturas diversas. Taiwan já tem mais de 100 variedades de pães e doces típicos do país, legítimos. O mais popular é o pão de abacaxi, foto abaixo, que não leva a fruta, mas tem esse nome devido ao seu formato. Com uma camada externa de cookie, o pão é o vício dos taiwaneses. O mais fantástico dessa história é que a rede de padarias taiwanesa“85C Bakery Café” é um sucesso nos Estados Unidos. Com mais de 60 unidades espalhadas pela Califórnia, Texas entre outros estados, o antigo aprendiz tornou-se mestre, caindo no gosto do americano. A arte foi e voltou modificada, para a riqueza do mundo.
Kiribati - Nova Zelândia - Taiwan O 3 primeiros pães
Índia
O Altruísmo de Repartir o Pão
São 6:02 horas da manhã e o Sol está nascendo em Varanasi na Índia. Em Brasília são 21:28 hrs da noite do dia anterior. Varanasi é a cidade mais antiga do mundo das que ainda existem. São pelo menos 3 mil anos… Ela é tão antiga que costuma-se brincar que é mais velha que a própria história… Aqui vamos provar os inúmeros pães indianos de um jeito diferente. É comum dizer que o ser humano é o animal mais perverso do universo, mas os dados científicos dizem o contrário. Como o mal é muito mais comentado, não damos importância quando cientistas de dados mostram que somos o animal mais altruísta que existe. Segundo o dicionário, altruísmo é a tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita um ser à preocupação com o outro. Só vemos entre nossa espécie gente que vai morar sozinha na floresta para cuidar do gorilas, gente que vai morar entre refugiados para poder ajudálos, gente que adota mais de cem cachorros de rua e gasta tudo que tem e que não tem para vê-los felizes… e etc. e etc. Aqui vamos conhecer Shyam Sadhu, um homem que alimenta com pão centenas de macacos todos os dias. Preparar o pão e alimentá-los acaba por nutrir o próprio Shyam, dá propósito e alegria para sua vida. Aqui o sentido de companhia se expande ao altruísmo, que é esse milagre de ficarmos felizes por preparar o pão para alguém… Como as mães, as avós, os chefs que trabalham porque é gostoso saborear o saborear do outro. Existe um sabor especial que é dividir algo que nos esmeramos para deixar delicioso… Aqui em Varanasi vamos aprender a fazer o pão indiano para depois alimentar alguém… O prazer do chef, do padeiro, do fazedor de pão… um gosto único. Também podemos experimentar os pães nós mesmos, claro… Mas não dá para falar de pão sem falar do prazer de prepará-lo e assim fazer parte de uma egrégora de milênios que é ainda mais antiga que Varanasi. Sujar as mãos de farinha é um ato sagrado… Calcula-se que já moemos trigo para fazer farinha e então pão há mais de 40 mil anos…
O sabor de ver saborear - Pão para os outros
Especial para nossa matéria
Rishikesh – Índia
Tarini Ma Dagnino, nascida na Venezuela nos enviou seu brinde direto da Índia onde mora há mais de 20 anos. Em suas mãos está o Paratha, um pão delicioso, tradicional da região onde está. Tarini é uma excepcional guia turística e leva grupos para o Butão, o Nepal, Sri Lanka e Índia, sempre com o astral nas alturas deixando tudo à sua volta mais gostoso. A companhia de uma pessoa nutritiva/divertida assim aumenta a qualidade/sabor do que se come? Mais lindo ainda é que Tarini fundou a Shakti School of Arts for Girls em Rishikesh onde oferece educação em inglês e arte para as regiões mais pobres da cidade. Ciente da terrível discriminação que as mulheres de castas mais baixas sofrem por aqui, seu objetivo é que essas meninas se tornem mulheres fortes capazes de vencer os obstáculos sociais. Conseguiu um prédio todo para ser a escola onde além da educação fornece alimentação balanceada, livros e materiais tudo de graça.
Monte Everest -Nepal
A Padaria mais Alta do Mundo
São 6:02 horas da manhã e o Sol está nascendo no Monte Everest no Nepal. Em Brasília são 22:45 da noite do dia anterior. Aqui iremos comer em uma padaria que está a 17.550 pés acima do nível do mar, registrada no livro dos recordes como a padaria mais alta do mundo. A dona do estabelecimento, Dawa Steven – uma alpinista apaixonada (foto ao lado direito) – teve que descobrir métodos não convencionais para fazer os pães a uma altitude tão elevada e uma temperatura tão baixa. Com um forno especialmente criado para a padaria, ela produz diariamente os mais variados pães, croissants, bolos, torta de maçã e donuts. Uma pequena multidão de alpinistas se aglomera a toda hora na entrada da tenda, aguardando uma nova fornada. É preciso comer tudo rapidamente porque o clima extremamente frio faz com que o calor do alimento se dissipe em poucos minutos… e vire uma pedra de gelo em consistência! Comer um pãozinho quentinho em um lugar tão inóspito e agressivo traz um calor para o coração que ainda é exponenciado pela interação entre as pessoas ali, que antes da existência da padaria mal se falavam. A companhia aqui, o “com panis”, é real e intensa! Os pãezinhos fizeram gente de todo lugar do mundo se reunir e se conhecer…companhia no teto do mundo.
Afeganistão
Pão Naan-e-Afghani – Obssessão Afegã
São 6:04 horas da manhã e o Sol está nascendo em Cabul, capital do Afeganistão. Em Brasília são 23:31 do dia anterior. Quase todos os governos do mundo aconselham seus cidadãos a não visitar o país. Está no grau mais alto possível na tabela de perigo. Não consegui achar passagens aéreas e tivemos que fazer nosso trajeto a pé, atravessando a fronteira com o Paquistão clandestinamente. Em outubro de 2021, após saída das tropas ocidentais, o governo do Afeganistão entrou em colapso e se dispersou e agora vive sob o domínio do grupo religioso extremista Taliban. Ataques terroristas, sequestros, assassinatos, toque de recolher, violência constante contra as mulheres, obrigam estrangeiros a casarem com gente local e uma série infindável de atrocidades que não vale a pena comentar para não nos sentirmos ainda mais inseguros do que já estamos. Vamos caminhar devagar para não chamar a atenção… O objetivo aqui é – ainda sob o lindo nascer do Sol – provar o pão mais típico do Afeganistão, o delicioso Naan-e-Afghani. Até as tropas de Gengis Khan no ano de 1200, quando passavam por aqui, costumavam levar milhares deles para se deleitar durante suas viagens. Também eram os momentos mais puros e gostosos quando – em meio a tanta tensão – as tropas americanas e ocidentais eram agraciadas por padeiros locais, ou gente simples do povo, com os maravilhosos Naan afegãos. Achamos uma senhora que está fazendo o pão ali na rua mesmo e pedimos uma leva para nós. Você olha nos olhos dela enquanto ela te estende o pão já pronto e sente um carinho imenso. Parecia o lugar mais alienígena do mundo, mais afastado de tudo o que você é, de seus costumes, crenças, valores, religião, cotidiano e até vestimentas. Mas ali está uma senhora fazendo pão, tão familiar, tão igual a nós… Você dá a primeira mordida e sente um sabor novo de algo muito familiar… é pão, mas é outro. Mais uma incrível nuance, mais um tom de farinha nesse incrivelmente rico planeta. Onde há pão, há casa…
Ucrânia
Pão Ucraniano Kolach – Símbolo da Resistência
São 7:31 horas da manhã e o Sol está nascendo em Kiev, capital da Ucrânia. Em Brasília são 1:31 da madrugada. Aqui iremos comer nosso pão em uma fábrica danificada pela guerra que assola o país, que de dia parece abandonada, mas que a partir das 21 horas se tranforma, abrigando um intenso mutirão que se apressa a fazer a massa para o pão que irá nutrir e confortar soldados e cidadãos na manhã do dia seguinte. Apesar de o medo pairar sobre todos que se esforçam ali, a vontade de servir é ainda maior… Tornando-se símbolo da resistência, essa produção abnegada emocionou o mundo. A Ucrânia tem sua própria língua, sua história única e seus pães típicos. Aqui vale ainda mais o motivo maior desse artigo: frisar que apesar de sermos iguais, somos diferentes e nenhuma cultura deve prevalecer sobre a outra. Reconhecemos sua individualidade e nos sentimos mais ricos por ela existir. Kolach é um dos maravilhosos pães ucranianos, sempre feito com um furo no centro para que se coloque uma vela, que simboliza a luz, o caminho do bem e a esperança. Aqui vale uma oração para que tudo se resolva rapidamente. Antes de partir o lindo pão, olhamos para a vela no centro iluminando o alimento como um pequeno sol, e entoamos um Pai Nosso, pois estamos em um país cristão. Ali, naquela fábrica clandestina de pães, a hora em que dizemos “o pão nosso de cada dia nos dai hoje” ganha uma relevância infinita. Emocionante… Comemos então o pão dando um valor indescritível ao sabor, ao momento, à ocasião, aos irmãos ucranianos que vararam a noite. O Brasil tem a quarta maior comunidade ucraniana do mundo. A guerra causou uma escassez de trigo por todo mundo, pois a Ucrânia é uma das maiores exportadoras. Estamos todos irremediavelmente conectados e tudo que acontece em um país repercute em todos.
Alemanha
O País do Pão – Mais de 3.200 Variedades de Pães Típicos
São 7:47 horas da manhã e o Sol está nascendo em Berlim na Alemanha. Em Brasília são 2:47 horas da madrugada. Muita gente não pensa em Alemanha quando o assunto é pão, pensa em França ou Itália, mas a verdade é que nenhum outro país no mundo tem tantas padarias e tipos próprios de pães. E o consumo por pessoa também é o maior. São mais de 3.200 tipos de pães oficialmente reconhecidos no país! A cultura de pão da Alemanha foi oficialmente adicionada pela UNESCO á lista de Patrimônio Cultural Imaterial em 2015.
Pão aqui é coisa séria! Para garantir a qualidade dos pães, o Deutsche Brotinstitut controla a qualidade dos produtos. As padarias, enviam suas produções para serem avaliadas. Uma espécie de Inmetro do pão! Cerca de 100 quesitos são levados em conta para que o alimento passe no rigoroso teste, mas 4 deles são obrigatórios:
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Pureza e qualidade da farinha
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Modo de preparo da receita
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Habilidade do padeiro
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Tempo de descanso da massa, nunca menos de duas horas.